sábado

NEUROLINGUÍSTICA: AVANÇOS E ATRASOS.

Minha recente postagem sobre o artigo "O que é Normal", publicado pela revista VEJA, trouxe-me à memória um diálogo que travei, faz mais de uma dezena de anos, com um colega de profissão.  Perguntou-me ele, visivelmente encantado com o aparecimento de mais uma novidade no supermercado das abordagens psicoterápicas:  "O que você acha da Neurolinguística?".  Respondi:  "O mais recente avanço do atraso."  Retorquiu, surpreso:  "Como assim?"  Continuei, um pouco mais longamente:
"Sei que corro o risco de estar sendo injusto, se não no varejo, pelo menos no atacado.  Só conheço a Neurolinguística através do relato de colegas que passaram a empregá-la, e sabe o que tenho visto?  O que tenho visto são profissionais deslumbrados com a possibilidade de empregar as mais recentes descobertas - avanço! - da Neuropsicologia, para implementar a caquética estratégia psicoterápia da lavagem mental, ou, em termos técnicos, do recalque, tentando fazer que o paciente deixe de ter certos pensamentos considerados indesejáveis pelo terapeuta - atraso!
A analogia do que acabei de expor com o artigo da VEJA é gritante:  estão lá todos encantados com "potentes microscópios eletrônicos" e outras sublimes engenhocas - avanço! - para descobrirem o que poderiam fazer sentados em uma poltrona fumando um charuto (com Freud, parece que funcionava...), ou seja, que procurar descrever o que é "normalidade" em vez de tentar compreender o que é "saúde" é algo completamente imbecil - atraso!  

Um comentário:

M. disse...

E o que é "normal"? Quem estabelece esse padrão? Não me espanta que tal matéria tenha sido publicada na Veja, cuja linha de pensamento é tão estreita. Quanto à Neurolinguistica, nunca vi qualquer "avanço" nas pessoas que usaram. Muito ao contrário, ficam todas parecendo miquinhos amestrados.