Conversando com um de meus pacientes sobre o fato de o autista ter toda ou a maior parte de sua atenção e de seus cuidados voltada para seu mundo interno, pouco ou nada se importanto com o ambiente que o cerca, ele saiu-se com esta:
"Ah, então minha namorada sofre do contrário disso: vive tentando adequar seu comportamento ao que pensam, sentem e querem os outros, dando pouca ou nenhuma atenção ao que ela mesmo pensa, sente e quer."
A partir daí, passei a chamar de HETERISMO (do grego "heteros", outro) as condições, similares à que apresenta a namorada desse meu paciente, em que o sujeito - ao contrário do que acontece no autismo (do grego "autos", próprio) - volta toda ou grande parte de sua atenção para o mundo externo, esquecendo-se de si mesmo.
A parte isso, meu paciente acrescentou a seu comentário, ainda um outro, algo irônico, proferido com a mímica de alguém insatisfeito, mas algo conformado: "Eu até poderia me dar bem com isso, se ela achasse que eu sou eu. O problema e que ela pensa que eu sou ela, e aí, quando ela pensa que está fazendo o que eu quero, ela está fazendo o que ela quer, e eu entro pelo cano!".
Será que todos os heteristas comportam-se assim?
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