terça-feira

SUICÍDIO II (Diálogos Imperdíveis)


     Estava eu, num domingo à tarde, mais uma vez posto em sossego, a organizar arquivos em meu computador, quando ouço meu celular sinalizando haver recebido uma mensagem de texto.  Vinha de meu paciente, Francisco, já citado em "A Nova Conversa".  Travamos, via SMS, o seguinte dialogo[1]:


FRANCISCO: ―  "Estou com vontade de cortar meus pulsos.  Ou seria pulcos?"[2]

Respondo:

CÉSAR: ―  "É 'pulsos'."

Voltei para o que fazia.  Passam-se 15 minutos.  Recebo a seguinte mensagem:

FRANCISCO: ―  "Obrigado.  Acho que a vontade passou.  Abraço."[3]

Devolvi, mais uma vez prontamente:

CÉSAR: ―  "At your service, my dear!"

O paciente compareceu normalmente a sua sessão de segunda-feita e não mencionou o episódio.
Nem eu.
Aqui entre nós:  alguém seriamente disposto a suicidar-se preocupa-se em saber se o suicídio vai ser em clave de “s” ou de “ç”?[4]
[1]  Real, travado em 03/07/2011;
[2]  Às 18h59min;
[3]  Às 19h16min;
[4]  Aliás, como tampouco meu celular se ocupa de marcar a diferença entre “c” e “ç”, ainda levei alguns segundos para concentrar-me novamente no que estava fazendo, perdido em cismar sobre que significado inconsciente poderia ter a palavra “pulcos”.  Um psicanalista enganado, não por seu paciente, mas pela Era Digital!

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