quarta-feira

INCONSCIENTE E LINGUAGEM

A altissonante afirmação lacaniana de que “o inconsciente se estrutura como linguagem” é uma das maiores bobagens de toda a literatura psicanalítica. Qualquer pessoa minimamente culta sabe que o conceito de linguagem implica a presença três elementos essenciais: o emprego, para fins de comunicação, de UNIDADES VERBAIS (= palavras) cujo significado foi universalizado POR CONVENÇÃO e que se inter-relacionam segundo um sistema compulsório de REGRAS SINTÁTICAS. Ou seja, a linguagem apresenta TODAS CARACTERÍSTICAS QUE O INCONSCIENTE NÃO TEM. Esse último: primeiro, é formado por REPRESENTAÇÕES DE COISA, não por REPRESENTAÇÕES VERBAIS; segundo, os significados dessas representações de coisa são PESSOAIS ou ARQUETÍPICOS e não ESTABELECIDOS POR CONVENÇÃO; terceiro, as representações de coisa obedecem ao PROCESSO PRIMÁRIO, que funciona ao arrepio de quaisquer regras sintáticas. Na verdade, a maioria das proposições lacanianas, quando entendidas conforme o consensuado pela língua, revelam-se rematadas besteiras e quando traduzidas pelos contorcionismos exegéticos de seus seguidores, trasformam-se em deprimentes banalidades (um desses seguidores, por exemplo, explicou-me que a afirmação do Mestre de que “um pênis ereto equivale à raiz quadrada de menos um” significa que “o falo é algo dissociado da relação pênis-vagina”, uma absoluta trivialidade psicanalítica). Aliás, Lacan me faz lembrar de Paulo Coelho, cujo grande sucesso provém do fato de que seu discurso consegue envolver em um manto mágico o que todo mundo já estava cansado de saber. Ninguém precisa mexer em coisa alguma e todo mundo se sente sábio. Dá o maior IBOPE. (Em tempo, se a proposta lacaniana de que "só existem cadeias de significantes" deve ser entendida de maneira consensuada, pretendendo eliminar, portanto, a dialética significante-significado, ela é digna de um esquizofrênico em estado avançado de deterioração, o qual, se lhe damos um papel onde está escrito "maçã", come o papel.

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